sábado, 27 de novembro de 2010

A Fisioterapia intensiva na Hipertensão Intracraniana

A Fisioterapia intensiva na Hipertensão Craniana

A hipertensão intracraniana (HIC) é a síndrome clínica resultante do aumento da pressão intracraniana (PIC). No ambiente de UTI, se faz necessário de uma equipe multiprofissional em constantes atualizações e reciclagens tendo em vista um melhor tratamento para esses pacientes, pois é de extrema importância o conhecimento da patologia, para buscar o diagnóstico e a terapêutica, precoce e adequada, prevenindo assim o surgimento de lesões secundárias.

A pressão intracraniana é resultante da soma de três volumes que ocupam um total entre 1000 ml e 1600 ml que se distribuem da seguinte maneira:

• 70% de componente parenquimatoso (tecido Nervoso);
• 23% componente licórico e água extravascular;
• 7% de componente vascular.

Quando ocorre um aumento de um dos componentes, causam um efeito de massa responsável por compressões e deslocamentos denominadas de hénia encefálica.

A hipertensão intracraniana constitui um evento comum entre traumatismos cerebrais agudos graves, lesões tumorais (Neoplasias, abscessos, hematomas, cistos congênitos, granulomas) e hidrocefalia. Como a HIC está relacionado a fenômenos compressivos e isquêmicos, ocorrerá uma interferência no fluxo sanguíneo cerebral (FSC), pela diminuição da pressão da perfusão cerebral (PPC), causada pelo aumento da PIC, ou seja, a elevação da PIC acarreta a diminuição da PPC, que, por sua vez, diminui o FSC. Por esse motivo, a HIC é uma urgência neurológica e a ventilação mecânica se torna imprescindível, protegendo as vias aéreas, permitindo a sedação e evitando a hipoxemia e a hipercapnia.

Para melhor controle da HIC são realizadas algumas monitorizações neurológicas como:

Monitorização da PIC: consegue detectar o quanto antes a elevação da PIC, sua monitorização é intraventricular, permitindo a drenagem de líquor no controle da HIC, seu valor tolerável é de até 20 mmHg, podendo ser utilizado o seguinte critério:

• PIC ≤ 10 mmHg: Normal
• PIC 10 e 20 mmHg: levemente aumentada
• PIC 21 e 40 mmHg: moderadamente aumentada
• PIC acima de 40 mmHg: gravemente aumentada

Fluxo Sanguíneo Cerebral (FSC): o cérebro possui 2 a 3% do peso corporal, mas necessita de 20% de todo O2 consumido pelo organismo, e essa demanda é atendida pelo FSC que irá variar em função da PPC e do RVC sendo calçudo da seguinte maneira:
FSC = PPC / RVC

Sendo FSC inversamente proporcional a RVC e diretamente proporcional a PPC.
Pressão de Perfusão Cerebral (PPC): é o gradiente pressórico que há entre a Pressão Arterial Media (PAM) e a Pressão Intracraniana (PIC), que deverá ser mantida ≥ a 70 mmHg para que aja uma perfusão sanguínea adequada no SNC, sendo calculado da seguinte maneira:

PPC = PAM – PIC

 Extração Cerebral de Oxigênio (ECO2) e Consumo Cerebral de Oxigênio (CCO2): a taxa de ECO2 avalia a relação entre o CCO2 e o FSC, ou seja, a oferta de oxigênio e o consumo cerebral. A ECO2 é a diferença arteriojugular das saturações de oxiemoglobina, com medida de sangue arterial geralmente obtida pela artéria radial (SaO2) e sangue venoso cerebral obtido do bulbo jugular (SjO2), utilizando esta formula:

ECO2 = SaO2 – SjO2

As faixas normais de variação da ECO2 é de 24 a 42% em adultos e 17 a 35% em crianças e da SjO2 é de 55 a 69% em adultos e 62 a 76% em crianças.
A manutenção terapêutica da ECO2 normal ou próximo do normal se associa significativamente a uma melhor evolução neurológica.

Capnometria: permite a monitorização continua do CO2 exalado por meio de um sensor adaptado a cânula de entubação, em geral o paciente deve ser mantido com PaCO2 em torno de 35 mmHg, pois a hiperventilação prolongada deverá ser evitada pelo risco de induzir isquemia cerebral por queda FSC.

Durante o período de controle da HIC, se prefere o uso da ventilação assisto- controlado modo volume controlado, para obter um maior controle do volume corrente e das modificações do FSC ocorridas pelas alterações na PaCO2, decorrentes da hipo ou hiperventilação.

Para controle da PaCO2 são necessários ajustes do Volume-minuto por meio das alterações do volume corrente/pressão inspiratória e/ou freqüência respiratória do paciente, devendo-se ter cuidado evitando elevadas freqüências respiratórias, para que não haja o auto-PEEP. Sendo também conveniente manter a saturação de O2 aproximadamente na faixa entre 96% a 98% ajustando assim, a fração inspirada de O2 juntamente com a PEEP, adequada à situação respiratória em questão, e que a utilização de PEEP elevadas, demonstram pouca influencia na PIC e complacência cerebral.

O principal objetivo dos cuidados no paciente neurológico é evitar a injuria secundaria, mantendo estabilidade hemodinâmica, metabólica, e respiratória, com o intuito de manter uma adequada oferta de oxigênio e de nutrientes ao tecido cerebral.

Especializandos: Isane Farias e Lissiane Tavares.
Orientação e edição: Daniel Xavier.

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Vídeo da clínica de reabilitação funcional de manaus